Roberto de Sena
Mural do Oeste
O Brasil tem 5.570 municípios e, para nossa perplexidade, Barreiras ocupa a vergonhosa 14º posição na ranking nacional da violência divulgado pelo IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Os principais atingidos pela carnificina que vem dominando a cidade são jovens, negros e de baixa escolaridade. Este é um momento de perplexidade diante dos números mas é também um momento de reflexão que pode ser utilizado como ponto de partida para implantação de políticas públicas que possam mudar esta realidade aterrorizante.
A sociedade barreirense precisa se unir neste momento tão grave e junto com as autoridades estudarem as saídas possíveis para reduzir os números dessa guerra urbana. Nos últimos tempos as execuções em plena luz do dia, nas principais avenidas da cidade viraram rotina e a população assombrada assiste a tudo sem saber a quem recorrer.
A criminalidade envolvendo a juventude não é só um problema da polícia, é sobretudo, um problema social que deve envolver a todos na busca de uma luz no fim do túnel. É necessário adotar programas sociais, educacionais, culturais, esportivos e de lazer para oferecer a juventude alternativas diferentes daquelas ofertadas em qualquer esquina pelo tráfico de drogas. Não tenho a receita mas acredito que este pode ser o caminho embora o raciocínio possa parecer simplista e superficial.
É mais que urgente a implantação de escolas de qualidade, confortáveis, climatizadas, com todo aparato para esporte, cultura, lazer e, sobretudo com professores qualificados que saibam pelo menos distinguir o que é música boa e o que é música ruim. Professores que digam aos jovens "olhem este tipo de música induz a prostituição, aos vícios. Não vá por esse caminho, por ai você vai se perder."
Já passa da hora de oferecer a juventude teatro, literatura, artes plásticas, cinema, escultura, fotografia, etc. A arte é um antídoto poderoso contra a violência. É necessário investir na arte com seriedade, com critério. O mesmo vale para o esporte e sobretudo para a educação. Quando os jovens enxergarem às escolas como pontes para a esperança e não como jaulas medievais, a situação muda. É nisso que precisamos pensar, unidos. Desculpem se estou escrevendo besteira, se estou dizendo o que milhares já disseram, se estou chovendo no molhado. É o que tenho para dizer pois recuso-me a ficar calado diante da barbárie.
Recuso-me a acreditar que não exista saída. Que tudo será sempre pior. Tenho certeza que não! Sei que é possível fazer esta transformação se todos apararem as arestas, esqueceram as questões políticas e colocarem o bem comum acima dos interesses pessoais. A dificuldade reside nisso - mas mesmo assim acredito - que com boa vontade é possível começar a mudar este cenário.
O que escrevo agora com o coração em chamas é um pedido de socorro. Um desabafo. Um urro de angústia. Sei que neste momento em que digito estas palavras tortas - ainda sob o impacto de ver a minha amada cidade em posição tão desonrosa - novos crimes estarão sendo praticados, jovens negros e pobres continuarão tombando metralhados aqui e acolá deixando famílias inteiras destroçadas. Isso não é normal. Não pode ser normal. É uma indignidade e só se combate as indignidades ocupando as tribunas das Câmaras Municipais para denunciar. Se combate a barbárie de várias formas inclusive utilizando os púlpitos das igrejas para bradar contra esta carnificina, discursando nas inaugurações, nos momentos festivos, nos shows, no Bar do Vieira, nas Universidades, onde quer que haja um pequeno ou grande ajuntamento de pessoas é imprescindível bater com força nesta tecla até que esta dolorida verdade se introjete feito um prego em nossa carne e nos obrigue a enxergar o problema com a dimensão de terror que ele tem.
Não podemos e não devemos aceitar, nem eu e nem você que me acompanha agora, a espantosa carnificina que vem dominando nossa cidade. Alguma coisa precisa ser feita com urgência.
Esta luta é tarefa é de todos. Diz respeito a todos.
Lanço este grito para os homens e mulheres de boa vontade. E termino com uma frase bíblica: "Quem tiver ouvidos que ouça".
SE TODOS SE UNIREM BARREIRAS PODE DEIXAR DE SER UMA DAS MAIS VIOLENTAS CIDADES DO BRASIL
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quarta-feira, junho 07, 2017
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